SONHOS DE TRANSGRESSÃO

Sonhos de Transgressão - Fatima Mernissi
279 páginas - Cia das Letras
Tradução - Carlos Sussekind.
Gênero - romance

Por que leu este livro?
Ganhei de presente, com a seguinte dedicatória: "Acho que deste você vai gostar." Deve ter sido por meu aspecto de transgressora de "alma livre"...

O livro é sobre...
A vida de uma menina marroquina num harém e sobre suas questões interiores acerca das fronteiras da liberdade, da beleza e do sonho. Imaginei a princípio que seria um livro como outros que já li sobre mulheres árabes, com sofrimentos físicos e psicológicos. Mas não. Esta menina teve uma vida de prisioneira fisicamente, mas absolutamente livre em seu interior, por conta de ser de uma linhagem de mulheres fortes e sonhadoras.

Pontos fracos?
A quantidade de detalhes sobre coisas que não levam a nada, como máscaras de beleza ou magias e encantamentos utilizados no harém.

O que achou mais interessante?
As questões que ela formula em sua cabeça infantil trazem muitas oportunidades para pensar e suas conclusões são dignas de nota, como fiz a seguir:

"Tudo que é preciso para se criar fronteiras são soldados que forcem os outros a acreditarem nelas.Na paisagem, propriamente, nada se modifica. A fronteira está na cabeça dos poderosos."

"Procurar a fronteira tornou-se a ocupação da minha vida. E me dá a maior aflição todas as vezes que não consigo situar a linha geométrica que organiza minha impotência."

“Mamãe sempre repetia que eu não podia ficar contando eternamente com Samir para rebelar-se por mim. Você precisa aprender a gritar e protestar, da mesma maneira que aprendeu a andar e falar. Chorar quando insultam você é a mesma coisa que pedir para insultarem mais."

"Sempre que você estiver a ponto de embarcar numa aventura, tem que pensar na aterrissagem. Levantar vôo não é o problema. Quando sentir o desejo de voar, pense em como e onde vai parar."

"Onde quer que haja seres humanos há uma qa'ida (regra invisível)."

"Muitas das coisas que as pessoas mais gostavam de fazer na vida, como caminhar a esmo, descobrir o mundo, dançar e expressar uma opinião, quando se ia ver, estavam na categoria do 'rigorosamente proibido'. Na verdade, a qa'ida, a regra invisível, na maioria das vezes era muito pior do que os muros ou os portões. Dentro dos muros e dos portões, pelo menos sabia-se o que era esperado de nós."

Para quem recomenda?
Especialmente para mulheres. Aquelas que já se libertaram e as que precisam descobrir a necessidade de fazê-lo.

Que nota você dá?
9.

Anabel - http://deixoler.blogspot.com/

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