sexta-feira, 16 de abril de 2010

INFIEL

Infiel - Ayaan Hirsi Ali
512 páginas - Companhia das Letras
Tradução: Luiz Antônio de Araújo
Gênero: Biografia

Por que leu este livro?
Pedrita - Eu comprei esse livro na Bienal do Livro no ano passado porque tinha lido várias matérias e queria muito ler. Logo no início eu já me surpreendi. Na década de 50 a avó de Ayaan vivia na Somália nos clãs, mudava sempre de lugar, viviam sempre embaixo de árvores.

Kalina -  Foi indicado por uma colega de uma comunidade no orkut, porque me interesso por (auto)biografias e em especial a da Ayaan me pareceu fascinante.

O livro é sobre...
Pedrita - O livro é sobre a vida de Ayaan Hirsi Ali que nasceu na Somália. Sua mãe casa em um casamento arranjado e surpreendemente, depois de ter um filho, pede o divórcio e vai viver na capital da Somália.
Lá conhece o pai de Ayaan, casa, tem duas filhas. O pai de Ayaan era um revolucionário e com as mudanças políticas no país vai preso.

Como a mãe de Ayaan teme pela segurança de todos, resolve ir viver com a mãe, começam então o calvário de todos.

Esses clãs que têm aqueles rituais monstruosos como a excisão do clítoris, fiquei mais horrorizada ainda que eles custaram as mulheres, deixando só o espaço para a urina. Isso acontece com Ayaan e a irmã, em uma festa, quando Ayaan tinha 5 anos. Sua mãe era contra, mas como a mãe viajava muito, a avó apronta essa monstrusidade como se estivesse fazendo o bem as crianças.

Ayaan na adolescência abraça o Islamismo, cobre seu corpo, mas com os ensinamentos começa a questionar as ordens e obediência às mulheres e começa a não entender porque os homens não devem obediência também. Ela tem um casamento arranjado com um marido no Canadá, mas a família não consegue visto que ela vá direto ao país. Seria mais fácil conseguir o visto para a Alemanha e depois por lá ir para o Canadá. Vai para a casa de uns parentes na Alemanha e lá começa a planejar a sua fuga.

Kalina - A vida da Ayaan. Ela fala da infância em vários países, da ausência do pai, de obediência religiosa, de maus tratos, até às mudanças que lhe proporcionaram uma vida inimaginável para uma garota de sua origem. A autora relata histórias da vida de garota levada e de costumes cruéis, como o da circuncisão a que ela e a irmã são submetidas. Ao invés de cumprir o destino planejado para ela pelo pai, decide ficar na Holanda.


Na Holanda, aos poucos Ayaan desperta para a vida uma vida de descobertas, principalmente de si mesma. As leituras, os trabalhos e os contatos que tem a levam à política e também à amizade com o cineasta Theo Van Gogh, com quem idealiza o filme “Submission”, sobre mulheres e o Islamismo. Infelizmente o filme provoca a perseguição e o assassinato do cineasta, bem como desencadeia ameaças de morte à própria Ayaan, que a partir de então precisa de seguranças e até muda de país em busca de paz.

Ayaan fala também de sua (muitas vezes difícil) relação com a família, de sofrimento, desentendimentos com o pai por questões religiosas / ideológicas, e da preocupação com a mãe. É muito tocante como ela fala da irmã, da tristeza pelo que acontece à mesma e de como se sente incompetente para ajudá-la.


O que achou mais interessante?
Pedrita - Me surpreendeu a dor e luta dessa mulher que apesar de todas as adversidades consegue sair do seu destino trágico e dizer ao mundo a repressão e violência que a mulher sofre nesses países que viveu e em nome de uma religião.

No início Ayaan escreve: “Nasci em um país dilacerado pela guerra e fui criada em um continente mais conhecido pelo que dá errado do que pelo que dá certo. Nos padrões da Somália e da África, sou privilegiada por ainda estar viva e sã, privilégio que não posso nem nunca vou poder considerar líquido e certo, pois sem a ajuda e o sacrifício de familiares, professores e amigos, nada me distinguiria das minhas semelhantes que apenas lutam pra sobreviver.

Kalina - Esse livro não é apenas uma autobiografia precoce (a autora é ainda muito jovem); ele é também didático acerca da situação política, social, e religiosa nos lugares onde Ayaan passa.


A história de vida dela é impressionante. Ayaan tem um desprendimento de botar as verdades na mesa, expor inquietudes, como um gesto de bondade e acho que fez parte do processo dela de libertação e conhecimento pessoal.

Pontos negativos?
Pedrita - Não achei nenhum.
Kalina - Não vi ponto fraco.

Para quem recomenda?
Pedrita - É um livro denso, pesado. Não é uma leitura fácil, quem desejar ler precisa estar preparado.
Kalina - Para qualquer um interessado numa leitura rica, do mundo real, atual e tão crua que às vezes parece surreal. Acho interessante para as mulheres; para as pessoas que pensam e falam sobre religião / fé; enfim, para os que têm curiosidade sobre os temas: islamismo, mulher, África, Europa, vida, política.


Que nota você dá?
Pedrita - 10.
Kalina - Um justo 10, com louvor.

5 comentários:

Sonica disse...

Gostei muito deste livro, e concordo que não é um livro leve.
Abços,

Bergilde disse...

Georgia,logo que ví o título do livro lembrei de uma entrevista que a autora deu por aqui há algum tempo e realmente sua autobiografia é de cortar coração,mas demonstra que com coragem e determinismo a mulher independentemente de qual crença siga ou não é capaz de mudar a própria vida.Não sei se é pesante a leitura do livro porque não fiz na verdade,mas pelo pouco que conheço desta política e escritora somala a sua história representa a busca de liberdade que muitas pessoas almejam.Abraços da Itália,Bergilde

Talita Oliveira disse...

Que iniciativa bacana, essa de vocês!
Adorei!!

Ficou louca para ler alguns livros mostrados aqui!!

Beijitos!

Pedrita disse...

obrigada a todas pelo retorno. beijos, pedrita

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Nossa, eu adorei essa dica da pedrita. Qunado ela escreveu sobre este livro no blog dela, nao resisti e pedi a ela que fizesse uma resenha para nós. Nós sequer imaginamos o que outras mulheres pelo mundo a fora estao vivendo e sobrevivendo.

Valeu.

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